26 de abril de 2015

2 amigos fazem pedal pelos principais pontos turísticos de Salvador


Hoje, 25/04/2015, resolvemos fazer um passeio diferente, conhecendo e apresentando os pontos turísticos de Salvador, e ao mesmo tempo observando a possibilidade e viabilidade de se pedalar na capital baiana, onde em 2014 foram contabilizados 6.668 acidentes, sendo 2.117 feridos e 63 mortos na metrópole.

Loja Select
Começamos nossa pedalada, eu e Aurélio Pires Junior, por volta das 8:00hs com um clima super agradável para pedalar, saímos da Pituba com destino a Igreja do Bonfim e voltar para Pituba, aproximadamente 40km, seguindo pela ciclovia na orla da Pituba, Amaralina e Rio Vermelho, que logo perto do quartel termina a mesma e tendo que começar a dividir o espaço com os carros. Nossa primeira parada foi em um posto de gasolina, e visitando a Select para comprarmos barrras de cereais e água.

Seguimos nossa empreitada pela Avenida Garibaldi, que por ser sábado, a maioria das clinicas não funcionam, por isso o transito estava calmo e fácil de disputar o espaço nas ruas com os motoristas baianos. Não senti muita dificuldade em cruzar de um lado para o outro em alguns pontos, claro que surgiram motoristas incomodados com a nossa presença, talvez seja por falta de esclarecimento, cultura, ou até mesmo achando que ciclista só faz se divertir. Se os motoristas tivessem outra concepção do ciclista, ou se pusesse no lugar dele, pensando que ele poderia estar ali para ir ao trabalho, praticando um esporte ou treinando para alguma competição, com certeza o respeito seria melhor.

Início da Avenida Contorno

Outra observação que tive, é que os governantes que projetaram as ciclovias e ciclofaixas, por motivo de pressão ou capitação de votos, não o fizeram como em outras cidades mais evoluídas nesse aspecto, achei que passaram mel na nossa boca. A ciclovia da orla da Pituba fica na verdade em uma calçada, ou seja, bem protegida dos veículos que trafegam na avenida, já em Amaralina, da praça até o quartel não é mais ciclovia, chamamos de ciclofaixa, porque fica na avenida separada apenas por uma faixa vermelha e pouca sinalização. Talvez se fossem divididos os espaços com os pedestres da orla nesse local, a possibilidade de acontecer um acidente grave seria menor.

Ciclofaixa em Amaralina
Mas vamos em frente que o bicho vai pegar mesmo é no Vale da Canela, aí esqueçam ciclista inexperiente ou sem coragem de trafegar junto aos veículos, apelamos em alguns casos em subir na calçada, onde também seria fácil ter uma ciclofaixa, já que a quantidade de pessoas que circulam nesse local é pequena, e acho também que conscientizar o ciclista é mais fácil do que motorista de carro, ônibus e caminhão. Descendo a avenida contorno, (só para corajosos e os brutos) não tem calçada na via sentido comércio, nem ciclofaixa, tem que acelerar mesmo numa velocidade próxima dos veículos que ali trafegam.

Chegando ao comércio, deparamos com nosso cartão postal; Elevador Lacerda, Mercado Modelo, monumentos e uma vista linda da nossa baia de todos os santos, talvez o nome seja sugestivo. Tivemos duas opções para seguir para calçada, por dentro ou pela orla (Docas), sendo que uma, no sentido dos veículos, que seria o certo, e a outra o sentido contrário, que não é o certo. Como as duas opções não facilitam em nada para o ciclista, optamos pelas docas, por ser uma avenida mais larga e espaçosa para pedalar, sem falar na vista perfeita do mar.
 
Avenida Contorno sentido comercio
 Chegamos a Águas de Meninos, um local onde acontece uma das maiores feiras livres de Salvador, aí o bicho pegou, disputamos o espaço com veículos, pessoas e carrinhos de feiras, que por sinal foram mais educados. Nesse ponto optamos em passar para avenida de dentro, sentido certo dos veículos. O melhor de tudo isso aconteceu quando vimos uma placa de “Coco Gelado”, paramos pedimos dois cocos e a grande surpresa custou apenas R$ 1,00, enquanto em outros lugares de Salvador custam R$ 5,00. 

Avenida da França (comercio)
Parados, tomando aquela água de coco, observamos que haviam vários caminhões carregados de cocos, ou seja, um verdadeiro comércio de coco verde, que no caminhão e para uma pequena quantidade, custava R$ 0,80 a unidade. Pensei vou voltar lá de carro para comprar vários. Dica: abra o coco coloque a água em um recipiente limpo e congele, antes de beber ou fazer seu Detox, coloque na geladeira para descongelar, perfeito.

Da calçada até a igreja do Bonfim, não temos opção de pedalar, a não ser disputando espaço com os veículos. Que fique claro, quando falo em pedalar, quero dizer: praticar esporte, ir ao trabalho de bicicleta, treinando e até se divertindo. 

Chegando ao Bonfim
Em fim, chegamos à Igreja do Bonfim com as graças do divino, e com aquela energia física e espiritual renovada, onde fizemos uma parada para hidratar e alimentar-se, ao horizonte víamos que caia um pé d água na cidade alta, ou seja, a natureza estava contribuindo com nosso passeio. Falei pra Aurélio, vamos rezar e pedir proteção para o Senhor do Bonfim, que temos que voltar na mesma pegada que viemos.
Igreja Senhor do Bonfim
Voltamos para o comércio no mesmo ritmo e tentando aumentar o giro e manter a mesma pegada, porque já tínhamos pedalado uns 30 km e agora começava a ficar desgastante, não podíamos baixar a cabeça agora, ou jogar a toalha, tínhamos que voltar para Pituba.

Ao chegar ao elevador Lacerda, um dos maiores pontos turísticos da Bahia, porque não dizer, do Brasil, meu amigo me chama para mudarmos o roteiro, subimos o elevador para cidade alta e seguimos até o porto da barra. Eu pensei, como vamos subir o elevador de bicicleta? Ele foi logo dizendo: _ Está aberto para ciclistas, inclusive com adesivos no chão, bem identificados e fomos bem recebidos pelos funcionários que trabalhavam sem falar no precinho de R$ 0,15.
Elevador Lacerda (Cidade Alta)
Seguimos nosso verdadeiro cicloturismo, o que realmente estávamos fazendo, visitando pontos turísticos de bike, pelas ruas do antigo ou primeiro comércio de Salvador, Rua Chile, Praça Castro Alves e subindo a Carlos Gomes para chegar ao Campo Grande, e nada de ciclo faixas.
Avenida Carlos Gomes
No corredor da vitoria, como conhecemos, encontramos uma ciclofaixa, igual à de Amaralina, pouca sinalização. Um leigo não saberia identificar do que se tratava. Na verdade tiraram a faixa de estacionamento, pintaram um faixa fina vermelha entre a pista de rolagem e essa pista que estavam chamando de ciclovia, conforme placa no inicio.

Mais um cartão postal, Porto da Barra, lindo como sempre e um local adequado para praticar o ciclismo, calçadão onde podemos pedalar com mais segurança, com crianças e iniciantes, apesar de alguns veículos terem acesso, mas são poucos e da pra conciliar.
 
Porto da Barra
Retornamos pelo Farol da Barra, sem comentários, e seguindo pelo Cristo, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina e retornando a Pituba. Parada final do passeio em um dos bares mais antigo da Pituba, Djalma Drink´s, onde tivemos a presença das esposas e filhos para fechar com chave de ouro nosso cicloturismo.

O passeio teve um objetivo de esclarecer a nossos ciclistas de Salvador, que nossa cidade não está preparada suficiente, no que diz respeito a ciclovias, ciclo faixas e conscientização dos motoristas a praticar o ciclismo com segurança. Falta uma cobrança por parte dos ciclistas, que vem aumentando, as autoridades municipais e estaduais em elaborar projetos mais sérios, inclusive envolvendo grupos de ciclistas que com certeza tem experiências em executarem competições, cicloturismo, passeios e encontros por toda essa Bahia. Independente dos problemas encontrados, o ciclista tem que se equipar, treinar e se possível participar de clinicas de MTB, Trial e outras modalidades, para não ficar de fora dessa beleza natural e encarar o transito e obstáculos com técnica e segurança.

Texto e Fotos: Márcio Almeida