Hoje,
25/04/2015, resolvemos fazer um passeio diferente, conhecendo e apresentando os
pontos turísticos de Salvador, e ao mesmo tempo observando a possibilidade e
viabilidade de se pedalar na capital baiana, onde em 2014 foram contabilizados 6.668 acidentes,
sendo 2.117 feridos e 63 mortos na metrópole.
Loja Select |
Começamos
nossa pedalada, eu e Aurélio Pires Junior, por volta das 8:00hs com um clima
super agradável para pedalar, saímos da Pituba com destino a Igreja do Bonfim e
voltar para Pituba, aproximadamente 40km, seguindo pela ciclovia na orla da
Pituba, Amaralina e Rio Vermelho, que logo perto do quartel termina a mesma e
tendo que começar a dividir o espaço com os carros. Nossa primeira parada foi em
um posto de gasolina, e visitando a Select para comprarmos barrras de cereais e
água.
Seguimos
nossa empreitada pela Avenida Garibaldi, que por ser sábado, a maioria das
clinicas não funcionam, por isso o transito estava calmo e fácil de disputar o
espaço nas ruas com os motoristas baianos. Não senti muita dificuldade em
cruzar de um lado para o outro em alguns pontos, claro que surgiram motoristas
incomodados com a nossa presença, talvez seja por falta de esclarecimento,
cultura, ou até mesmo achando que ciclista só faz se divertir. Se os motoristas
tivessem outra concepção do ciclista, ou se pusesse no lugar dele, pensando que
ele poderia estar ali para ir ao trabalho, praticando um esporte ou treinando
para alguma competição, com certeza o respeito seria melhor.
Início da Avenida Contorno |
Outra
observação que tive, é que os governantes que projetaram as ciclovias e ciclofaixas,
por motivo de pressão ou capitação de votos, não o fizeram como em outras
cidades mais evoluídas nesse aspecto, achei que passaram mel na nossa boca. A ciclovia
da orla da Pituba fica na verdade em uma calçada, ou seja, bem protegida dos
veículos que trafegam na avenida, já em Amaralina, da praça até o quartel não é
mais ciclovia, chamamos de ciclofaixa, porque fica na avenida separada apenas
por uma faixa vermelha e pouca sinalização. Talvez se fossem divididos os
espaços com os pedestres da orla nesse local, a possibilidade de acontecer um
acidente grave seria menor.
Ciclofaixa em Amaralina |
Mas
vamos em frente que o bicho vai pegar mesmo é no Vale da Canela, aí esqueçam
ciclista inexperiente ou sem coragem de trafegar junto aos veículos, apelamos
em alguns casos em subir na calçada, onde também seria fácil ter uma ciclofaixa,
já que a quantidade de pessoas que circulam nesse local é pequena, e acho
também que conscientizar o ciclista é mais fácil do que motorista de carro,
ônibus e caminhão. Descendo a avenida contorno, (só para corajosos e os brutos)
não tem calçada na via sentido comércio, nem ciclofaixa, tem que acelerar mesmo
numa velocidade próxima dos veículos que ali trafegam.
Chegando
ao comércio, deparamos com nosso cartão postal; Elevador Lacerda, Mercado
Modelo, monumentos e uma vista linda da nossa baia de todos os santos, talvez o
nome seja sugestivo. Tivemos duas opções para seguir para calçada, por dentro
ou pela orla (Docas), sendo que uma, no sentido dos veículos, que seria o
certo, e a outra o sentido contrário, que não é o certo. Como as duas opções
não facilitam em nada para o ciclista, optamos pelas docas, por ser uma avenida
mais larga e espaçosa para pedalar, sem falar na vista perfeita do mar.
Chegamos
a Águas de Meninos, um local onde acontece uma das maiores feiras livres de
Salvador, aí o bicho pegou, disputamos o espaço com veículos, pessoas e
carrinhos de feiras, que por sinal foram mais educados. Nesse ponto optamos em
passar para avenida de dentro, sentido certo dos veículos. O melhor de tudo
isso aconteceu quando vimos uma placa de “Coco Gelado”, paramos pedimos dois
cocos e a grande surpresa custou apenas R$ 1,00, enquanto em outros lugares de
Salvador custam R$ 5,00.
Avenida da França (comercio) |
Parados,
tomando aquela água de coco, observamos que haviam vários caminhões carregados
de cocos, ou seja, um verdadeiro comércio de coco verde, que no caminhão e para
uma pequena quantidade, custava R$ 0,80 a unidade. Pensei vou voltar lá de
carro para comprar vários. Dica: abra o coco coloque a água em um recipiente
limpo e congele, antes de beber ou fazer seu Detox, coloque na geladeira para
descongelar, perfeito.
Da
calçada até a igreja do Bonfim, não temos opção de pedalar, a não ser
disputando espaço com os veículos. Que fique claro, quando falo em pedalar,
quero dizer: praticar esporte, ir ao trabalho de bicicleta, treinando e até se
divertindo.
Chegando ao Bonfim |
Em
fim, chegamos à Igreja do Bonfim com as graças do divino, e com aquela energia
física e espiritual renovada, onde fizemos uma parada para hidratar e
alimentar-se, ao horizonte víamos que caia um pé d água na cidade alta, ou
seja, a natureza estava contribuindo com nosso passeio. Falei pra Aurélio,
vamos rezar e pedir proteção para o Senhor do Bonfim, que temos que voltar na
mesma pegada que viemos.
Igreja Senhor do Bonfim |
Voltamos
para o comércio no mesmo ritmo e tentando aumentar o giro e manter a mesma
pegada, porque já tínhamos pedalado uns 30 km e agora começava a ficar
desgastante, não podíamos baixar a cabeça agora, ou jogar a toalha, tínhamos que
voltar para Pituba.
Ao
chegar ao elevador Lacerda, um dos maiores pontos turísticos da Bahia, porque
não dizer, do Brasil, meu amigo me chama para mudarmos o roteiro, subimos o
elevador para cidade alta e seguimos até o porto da barra. Eu pensei, como
vamos subir o elevador de bicicleta? Ele foi logo dizendo: _ Está aberto para
ciclistas, inclusive com adesivos no chão, bem identificados e fomos bem
recebidos pelos funcionários que trabalhavam sem falar no precinho de R$ 0,15.
Elevador Lacerda (Cidade Alta) |
Seguimos
nosso verdadeiro cicloturismo, o que realmente estávamos fazendo, visitando
pontos turísticos de bike, pelas ruas do antigo ou primeiro comércio de
Salvador, Rua Chile, Praça Castro Alves e subindo a Carlos Gomes para chegar ao
Campo Grande, e nada de ciclo faixas.
Avenida Carlos Gomes |
No
corredor da vitoria, como conhecemos, encontramos uma ciclofaixa, igual à de Amaralina,
pouca sinalização. Um leigo não saberia identificar do que se tratava. Na
verdade tiraram a faixa de estacionamento, pintaram um faixa fina vermelha entre
a pista de rolagem e essa pista que estavam chamando de ciclovia, conforme
placa no inicio.
Mais
um cartão postal, Porto da Barra, lindo como sempre e um local adequado para
praticar o ciclismo, calçadão onde podemos pedalar com mais segurança, com crianças
e iniciantes, apesar de alguns veículos terem acesso, mas são poucos e da pra
conciliar.
Retornamos
pelo Farol da Barra, sem comentários, e seguindo pelo Cristo, Ondina, Rio
Vermelho, Amaralina e retornando a Pituba. Parada final do passeio em um dos
bares mais antigo da Pituba, Djalma Drink´s, onde tivemos a presença das
esposas e filhos para fechar com chave de ouro nosso cicloturismo.
O passeio teve um objetivo de esclarecer a nossos ciclistas de Salvador, que nossa cidade não está preparada suficiente, no que diz respeito a ciclovias, ciclo faixas e conscientização dos motoristas a praticar o ciclismo com segurança. Falta uma cobrança por parte dos ciclistas, que vem aumentando, as autoridades municipais e estaduais em elaborar projetos mais sérios, inclusive envolvendo grupos de ciclistas que com certeza tem experiências em executarem competições, cicloturismo, passeios e encontros por toda essa Bahia. Independente dos problemas encontrados, o ciclista tem que se equipar, treinar e se possível participar de clinicas de MTB, Trial e outras modalidades, para não ficar de fora dessa beleza natural e encarar o transito e obstáculos com técnica e segurança.
Texto e Fotos: Márcio Almeida